Qual a probabilidade de você clicar para baixar um artigo científico com mais de 40 páginas? Pois foi exatamente isso que mais de 30 mil pessoas fizeram só na última semana. E não se trata de um texto leve — mas de uma publicação densa, técnica e formal na revista Science, uma das mais respeitadas do mundo. O motivo? Um feito histórico da ciência brasileira, que está sendo comemorado duplamente. Pelo impacto científico e pela impressionante popularização do tema.

Liderado por pesquisadores brasileiros, o estudo sequenciou os genomas de 2.723 brasileiros de todas as regiões do país e revelou mais de 8 milhões de variantes genéticas inéditas. Os dados são inéditos, ricos e fundamentais para compreender a genética da população brasileira — uma mistura única de ancestralidades indígenas, africanas e europeias — e para abrir caminhos inovadores para a medicina de precisão. O trabalho não apenas coloca o Brasil como referência em estudos genômicos, como também serve de modelo para que outros países criem seus próprios bancos genéticos, ajudando comunidades a cuidarem melhor da própria saúde.

Uma das líderes da pesquisa e que assina também o artigo na Science, a gaúcha Maria Cátira Bortolini, da UFRGS & PPGBM, o alto número de s demonstra um interesse crescente da sociedade por temas científicos, o que é um feito tão relevante quanto a própria publicação. “É uma pesquisa que aproxima o conhecimento técnico da vida cotidiana — e, principalmente, mostrando que pesquisar sobre genética é também uma forma de cuidar do futuro da saúde pública brasileira”, finaliza a pesquisadora.